INTERPRETAÇÃO E COMENTÁRIOS
Os fungos do gênero Aspergillus continuam sendo uma importante causa de infecção em paciente imunossuprimidos, em geral grave e com risco de morte. Essa população inclui, principalmente, receptores de transplante de células-tronco hematopoiéticas, mas também de transplante de órgão sólido, imunodeficiências congênitas ou adquiridas, uso prolongado de altas doses de corticosteroides, entre outros. Como se trata de fungos presentes no ambiente, o diagnóstico requer distinção entre infecção invasiva, colonização e contaminação. Para isso, são estabelecidos critérios para definição de aspergilose invasiva como possível, provável, ou comprovada. No intuito de aumentar a acurácia do diagnóstico, outros marcadores têm sido utilizados para demonstrar a presença de aspergillus em amostrasclínicas, além da pesquisa direta e da cultura específica, como a pesquisa de antígeno (galactomanana) e de ácidos nucleicos (PCR) do fungo.
Embora possa aumentar a sensibilidade para a detecção de Aspergillus em amostras do trato respiratório, a utilização da PCR ainda precisa de aperfeiçoamento, sobretudo quanto à especificidade para doença invasiva, discriminando-a de colonização. Além disso, ainda não há uniformidade entre os ensaios utilizados em diversos estudos. Segundo as recomendações da IDSA (Clinical Infectious Diseases, 2016;63(4):e1-60), a técnica pode ser utilizada, considerando sua aplicabilidade de maneira individualizada, e em conjunto com outros marcadores diagnósticos.
A utilidade da detecção de DNA de Aspergillus por PCR no sangue periférico (total ou soro) para o diagnóstico de aspergilose invasiva vem sendo analisada há alguns anos. Uma metanálise recente demonstrou sensibilidade de 84% e especificidade de 76%, resultados não inferiores àqueles demonstrados para a galactomanana e BD-glucana em estudos anteriores. Por outro lado, resultados positivos em duas amostras sequenciais aumentam a especificidade para 95%, o que corresponde a um valor preditivo de 90% para indivíduos de alto risco. (J Clin Microbiol. 2014 Oct; 52(10): 3731-3742.)